30.12.09

INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL E DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO

Já uma vez tinha ficado espantado pelo facto dos oradores de um congresso de empresários nem sequer terem percebido uma pergunta que tinha feito acerca da prioridade que deveria ser dada á colaboração entre a gestão e os empregados. Mas foi através da participação num projecto europeu, sobre boas práticas de criatividade e inovação em indústrias de alta tecnologia, que tomei maior consciência do desfasamento em que nos encontramos em relação ao resto do mundo industrializado. Não por causa dos avanços científicos e tecnológicos mas sim pelas alterações que tiveram de ser feitas nas políticas de investigação e desenvolvimento, assentes nos financiamentos e nas indústrias de alta tecnologia, que ficaram seriamente comprometidas com a crise financeira. Até a política europeia de inovação sofreu alterações consideráveis, estando já a ser preparadas novas mudanças na Estratégia de Lisboa pois, apesar de terem concentrando os financiamentos nas indústrias de alta tecnologia, o retorno foi inferior a 10% do PIB, nos países da CE. Com efeito e apesar de todos os investimentos, os países ocidentais estão a ser ultrapassados por outros, com menos dinheiro mas com uma mão-de-obra especializada muito mais barata, como a Coreia, Taiwan ou Singapura e, num futuro próximo, poderão vir a ser ultrapassados por outros com mais dinheiro, como os países produtores de petróleo. Por cá, habituados a um discurso sobre inovação que assenta, quase que em exclusivo, em financiamentos, sejam eles de capitais de risco, de I&D, fundos de investimento ou em projectos de base tecnológica, continuamos sem nada fazer sobre a inovação a partir do desenvolvimento da força de trabalho, excepto as habituais menções à educação e qualificação. E mesmo perante a evidência da necessidade de reduzir drasticamente os investimentos de retorno incerto, o discurso oficial mantém-se tão firme como a continuidade do endividamento do Estado. Assim, a acção da Associação Portuguesa de Criatividade e Inovação (APGICO) continuará a fazer tentativas no sentido de chamar a atenção para a necessidade de conseguir retirar mais rendimento do nosso maior (e único) tesouro, que são as pessoas. Essas mesmas pessoas que se tornaram famosas pela sua capacidade de improviso, gosto pela aventura e satisfação plena das maiores exigências de qualidade e produtividade, desde que trabalhando em sistemas de gestão capazes de canalizar os seus talentos numa direcção rentável.

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