26.3.10

PARA LÁ DAS JANELAS

Olham-me das janelas.
Paro e tento, da rua, captar os olhares que prenderam o meu instante.
Perscruto o que ou quem me olha, nesse ápice cruzar de olhos, uns vivos, outros fixados.
Foco a objectiva nas vidraças, buscando os reflexos de ruas, de árvores, de estórias, de vidas.
Seguem-me atentos os olhos vivos de vida e fixam-me parados os olhos inertes de bustos.
Sorrio ao olhar felino que, ainda imberbe, segue curioso o meu estar.
Sorrio ao cravo de papel, amarelado pelo tempo e que se junta a um Pessoa de olhar triste, à janela.
E comovo-me no olhar tímido que me sorri docemente, por entre o entrelaçado forjado, envolto em cabelos brancos cor de prata.


3 comentários:

Lisarda disse...

As janelas sao outros olhos: hermoso todo, o que vc escrve e as imagens.

NAMIBIANO FERREIRA disse...

As janelas sao mistérios, também...
kandandu!

Madalena disse...

As janelas são, de facto, mistérios, outros olhos que nos olham e nos reflectem, outros olhos que olhamos sem que consigamos ver para lá deles.
Obrigada, Lisarda e Namibiano, pelas palavras e profundidade poética que encerram.