há-de saber as conchas
a cantiga dos búzios e do mar.
Quem me quiser
há-de saber as ondas
e a verde tentação de naufragar.
Quem me quiser há-de saber as fontes,
a laranjeira em flor, a cor do feno,
a saudade lilás que há nos poentes,o cheiro de maçãs que há no inverno.
Quem me quiser há-de saber a chuva
que põe colares de pérolas nos ombros
há-de saber os beijos e as uvas
há-de saber as asas e os pombos.
que põe colares de pérolas nos ombros
há-de saber os beijos e as uvas
há-de saber as asas e os pombos.
Quem me quiser
há-de saber os medos que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
há-de saber os medos que passam nos abismos infinitos
a nudez clamorosa dos meus dedos
o salmo penitente dos meus gritos.
em que sou turbilhão,
subitamente
subitamente
- Ou então não saber coisa nenhuma
e embalar-me ao peito, simplesmente.
5 comentários:
Olá Madalena,
Um dia, para todos nós, será o último. Se chegar aos 77 anos com saúde, será óptimo. A minha Mãe fez há dias esses 77 anos. Mas já os completou sem saúde. Um cancro levou-lha. E há-de levar o resto...
Beijo,
Alexandre
Meu querido amigo Alexandre
Nunca saberemos - essa grande incógnita talvez seja o suporte da nossa existência - o dia em que partimos e que porto nos abrigará então, a nós e aos que amamos e estimamos. Não antecipemos, por isso, o que nos pode parecer previsível porque pode inesperadamente tornar-se imprevisível.Adiemos a dor certa enquanto incerta, quer no tempo quer pela nossa própria finitude e condição.
Um abraço.Um beijo.
Madalena
Bonita homenagem a Rosa Lobato Faria.
Sempre bonito a homenagem a um poeta...
Lindo!
Kandandu
Madalena,
Andei navegando por aqui e gostei muito.
Um belo poema e uma bonita homenagem.
Beijo,
Adelaide
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