30.9.11

COM OS ANJOS

Ave Maria
Gratia plena
Maria, gratia plena
Maria, gratia plena
Ave, ave dominus
Dominus tecum
Benedicta tu in mulieribus
Et benedictus
Et benedictus fructus ventris
Tuae, Jesus.
Ave Maria

Ave Maria
Mater Dei
Ora pro nobis peccatoribus
Ora, ora pro nobis
Ora, ora pro nobis peccatoribus
Nunc et in hora mortis
In hora mortis nostrae
In hora mortis, mortis nostrae
In hora mortis nostrae
Ave Maria

Amen.

Antes de accionar este vídeo, convém suspender a música de fundo do blogue, clicando no sinal II no final desta página, para não haver sobreposição de sons.











23.9.11

O RITMO ANTIGO

O ritmo antigo que há em pés descalços,
Esse ritmo das ninfas repetido,
Quando sob o arvoredo
Batem o som da dança,

Vós na alva praia relembrai, fazendo,
Que 'scura a 'spuma deixa; vós, infantes,
Que inda não tendes cura
De ter cura, responde
Ruidosa a roda, enquanto arqueia Apolo
Como um ramo alto, a curva azul que doura,
E a perene maré
Flui, enchente ou vazante.








Ricardo Reis, in "Odes"
Heterónimo de Fernando Pessoa

21.9.11

MAR


Mar, metade da minha alma é feita de maresia

Pois é pela mesma inquietação e nostalgia,
Que há no vasto clamor da maré cheia,
Que nunca nenhum bem me satisfez.
E é porque as tuas ondas desfeitas pela areia
Mais fortes se levantam outra vez,
Que após cada queda caminho para a vida,
Por uma nova ilusão entontecida.


E se vou dizendo aos astros o meu mal
É porque também tu revoltado e teatral
Fazes soar a tua dor pelas alturas.
E se antes de tudo odeio e fujo
O que é impuro, profano e sujo,
É só porque as tuas ondas são puras.

Mar, Sophia de Mello Breyner Andresen











19.9.11

COM AÇUCAR, COM AFECTO

Hoje dei por mim a ter estranhas reacções (ou reações?) ao ler palavras já obedientes ao novo acordo ortográfico.

Há muito que se fala disto, se aceita, se contesta. E quem muito saiba da matéria, o que não é o meu caso.

Não sou, por natureza, fundamentalista e tenho procurado um equilíbrio entre as várias e diferentes teses e saberes. Nem sou perita em sintaxes e semânticas.

Mas, quando se sente uma impressão quase física e de difícil explicação, emocional até, porque determinada palavra em determinado contexto perdeu para nós a sua carga simbólica (para mim, as palavras são quase entes, seres vivos da alma), porque abandonou a sua raíz no meu percurso semiótico, tal como acontece quando leio ou cometo um erro ortográfico ou quando a linguagem deixa, em pensamento, de representar o meu mundo, as coisas mudam de figura, simbólica e literalmente falando.

O ACTO perde a força quando se transforma em ATO e fico mesmo atada em nós de estômago e de entendimento. Mais a mais quando os actos são de origem latina e estão na ordem do dia.

No fundo, terei de me habituar a representar mentalmente como um facto (com cê) que a força de um ato (sem cê) - que está sempre associada ao seu valor de verdade (verdadeiro ou falso) e por isso dependente da sua confrontação com a realidade - é contingente.

O resto é uma questão de saber dizer e mostrar. Com ou sem cê.

E uma questão de convicção. Com cê. :)

Ou de afeto. Sem cê. :(

Não consigo deixar de ficar afectada, por ora. :) E pouco consonante.

Mas irei ser obrigada a acordar, a partir de 1 de Janeiro de 2012!!! :(

Para a realidade.

Será?